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Protesto contra bloqueio de redes sociais deixa 19 mortos no Nepal

Manifestante acena com bandeira do Nepal para multidão em cima de veículo durante protesto na entrada do Parlamento do país em Catmandu, no Nepal, em 8 de se...

Protesto contra bloqueio de redes sociais deixa 19 mortos no Nepal
Protesto contra bloqueio de redes sociais deixa 19 mortos no Nepal (Foto: Reprodução)

Manifestante acena com bandeira do Nepal para multidão em cima de veículo durante protesto na entrada do Parlamento do país em Catmandu, no Nepal, em 8 de setembro de 2025. REUTERS/Navesh Chitrakar Um protesto contra o governo do Nepal nesta segunda-feira (8) deixou 19 mortos e dezenas de feridos após manifestantes terem entrado em confronto com a polícia, segundo a TV estatal nepalesa. Os manifestantes protestavam em frente ao parlamento e tentaram invadir a casa legislativa, quando a polícia disparou gás lacrimogêneo e balas de borracha para dispersar a multidão, composta em sua maioria de jovens. Mais de 100 pessoas, incluindo 28 policiais, ficaram feridas, afirmou um oficial da polícia à agência de notícias Reuters. ✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp Segundo a TV estatal nepalesa, as pessoas protestavam na capital Catmandu contra um bloqueio das redes sociais imposto na semana passada e por acusações de corrupção contra o governo. Entre as redes sociais bloqueadas na semana passada estão o Facebook e o Instagram. O bloqueio não foi bem recebido pela população de 30 milhões de habitantes do país, dos quais cerca de 90% usam a internet. O governo justificou o bloqueio porque as plataformas não colaboraram com a Justiça do país para combater uma onda de abusos online no país, em que usuários de redes sociais com identidades falsas estavam espalhando discurso de ódio, notícias falsas, cometendo fraudes e outros crimes por meio de algumas plataformas. As autoridades impuseram toque de recolher ao redor do prédio do parlamento depois que milhares de manifestantes tentaram entrar no Legislativo rompendo uma barreira policial. Um porta-voz da polícia local, Muktiram Rijal, disse à Reuters que a medida decorreu dos manifestantes terem "ficado violentos". Rijal afirmou que a polícia recebeu ordens para usar canhões de água, cassetetes e balas de borracha para controlar a multidão. Vários manifestantes ficaram feridos e foram levados a um hospital próximo, disse uma testemunha da Reuters. Um grupo de manifestantes parou um veículo de segurança que seguia em direção ao parlamento, e uma ambulância foi incendiada, acrescentou o porta-voz da polícia. Ekram Giri, porta-voz do parlamento do Nepal, disse que alguns manifestantes entraram no terreno do parlamento, mas não chegaram ao prédio principal. Eles foram retirados pela polícia e se reagruparam na rua do lado de fora, afirmou. O toque de recolher foi estendido para a área de Singha Durbar, em Katmandu, que inclui o gabinete do primeiro-ministro, outros ministérios, a residência do premiê e a casa do presidente, acrescentou Rijal. Vídeos em alta g1 Protestos em outras cidades A polícia informou que protestos semelhantes também foram organizados em Biratnagar e Bharatpur, nas planícies do sul, e em Pokhara, porta de entrada para o Monte Annapurna, a 10ª montanha mais alta do mundo, no oeste do Nepal. Mais cedo nesta segunda-feira, milhares de jovens, incluindo estudantes, muitos em uniforme escolar ou universitário, foram impedidos pela polícia de marchar em direção ao prédio do parlamento, onde manifestações não são permitidas. Os manifestantes carregavam a bandeira nacional e cartazes com slogans como “Fechem a corrupção, não as redes sociais”, “Desbloqueiem as redes sociais” e “Jovens contra a corrupção”, enquanto marchavam por Catmandu. Imagens de TV mostraram alguns manifestantes atirando objetos contra policiais em trajes de choque, aglomerados em um ponto, enquanto a fumaça das bombas de gás lacrimogêneo tomava a rua. Manifestantes também empurraram e derrubaram barreiras policiais. Muitos no país do Himalaia acreditam que a corrupção é generalizada, e o governo do primeiro-ministro K.P. Sharma Oli vem sendo criticado por opositores por não cumprir suas promessas. O bloqueio das redes sociais no Nepal ocorre em um momento em que governos de todo o mundo, incluindo EUA, União Europeia, Brasil, Índia, China e Austrália, adotam medidas para aumentar a fiscalização sobre as mídias sociais e as big techs, diante da crescente preocupação com desinformação, privacidade de dados, danos online e segurança nacional. Críticos afirmam que muitas dessas medidas correm o risco de sufocar a liberdade de expressão, mas reguladores dizem que controles mais rígidos são necessários para proteger os usuários e preservar a ordem social.