Trump culpa esquerda radical pelo assassinato de Charlie Kirk e fomenta temores de acirramento da violência política nos EUA
Donald Trump e Charlie Kirk Manuel Balce Ceneta/AP Mais do que um aliado do Donald Trump, o ativista ultraconservador Charlie Kirk era um devoto incondicional d...

Donald Trump e Charlie Kirk Manuel Balce Ceneta/AP Mais do que um aliado do Donald Trump, o ativista ultraconservador Charlie Kirk era um devoto incondicional do presidente. Era ele quem carimbava o certificado de lealdade em entrevistas com candidatos a empregos no Pentágono e em agências de inteligência assim que o republicano foi eleito para o segundo mandato. ✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp A dedicação lhe valia elogios públicos de Trump, que atribuía a Kirk, de 31 anos, a massa de votos de seguidores jovens que o ajudou a levá-lo de volta à Casa Branca. Com frequência, o influenciador, podcaster e expoente do movimento MAGA ("Façam os EUA grandes novamente", em inglês), conhecido pela retórica inflamada, com comentários racistas, homofóbicos e xenófobos, era incensado pelo presidente como um encantador de jovens. Nesse contexto, não causou estranheza que Trump tenha responsabilizado a esquerda radical pelo assassinato brutal do ativista, nesta quarta-feira, enquanto discursava no campus da Universidade Utah Valley. O rápido pronunciamento divisivo do presidente levantou mais temores de acirramento da violência política que assombra os EUA. “Durante anos, a esquerda radical comparou americanos maravilhosos como Charlie a nazistas e aos piores assassinos em massa e criminosos do mundo. Esse tipo de retórica é diretamente responsável pelo terrorismo que vemos em nosso país hoje, e precisa acabar agora mesmo”, decretou o presidente VÍDEO mostra momento em que Charlie Kirk é baleado durante evento em universidade nos EUA As reações ao assassinato de Charlie Kirk convergiam para a violência política e os crimes motivados por divergências ideológicas, atingindo tanto republicanos quanto democratas. “Nossa nação está quebrada. Nada do que eu diga pode nos unir como país”, atestou o governo republicano de Utah, Spencer Cox. Já o governador democrata de Illinois, JB Pritzker, foi mais incisivo e culpou a retórica de Trump pela morte de Kirk, por criar condições que incentivem a violência política. “Acho que a retórica do presidente frequentemente fomenta isso. Vimos os manifestantes de 6 de janeiro, que claramente desencadearam uma nova era de violência política. E o presidente? O que ele fez? Perdoou-os. Quero dizer, que tipo de sinal isso envia para as pessoas que querem perpetrar violência política? Não é um bom sinal”, ponderou Pritzker. LEIA MAIS: BUSCAS: FBI vai de porta em porta e analisa 'várias cenas do crime' em busca de pistas de atirador que matou Charlie Kirk e está foragido CONHEÇA: Quem é Charlie Kirk, aliado de Trump morto nos EUA VÍDEO mostra momento que Charlie Kirk foi atingido; polícia diz que tiro foi disparado de topo de edifício É #FAKE que vídeo mostre fuga de atirador logo após assassinato de Charlie Kirk; cenas são de julho MAIOR HONRARIA: Trump anuncia que entregará de forma póstuma medalha dada a papa e Lionel Messi a Charlie Kirk Para lembrar os casos mais recentes, Trump sofreu duas tentativas de assassinato durante a campanha eleitoral, o governador democrata da Pensilvânia, Josh Shapiro, teve a sua casa incendiada em abril passado, uma deputada estadual foi morta a tiros com o marido e outro ficou ferido em junho em Minnesota. Enquanto as razões que levaram à morte de Charlie Kirk não são esclarecidas, o debate no país já está inflamado. Figuras proeminentes da direita radical compararam a morte do ativista a uma declaração de guerra. “Estamos em guerra”, repetiu o apresentador de rádio e teórico da conspiração Alex Jones. “A esquerda está vindo com mais violência e mais ataques. E podemos imaginar o inferno que será se nos submetermos a eles”. Jones foi condenado a pagar US$ 1 bilhão (cerca de R$ 5,4 bilhões) às famílias de vítimas do atentado em Sandy Hook, por espalhar em seu canal que o atentado que matou 20 crianças em uma escola em 2012 era falso. Considerada uma atuante conselheira informal de Trump, a influenciadora Laura Loomer advertiu: “Você pode ser o próximo. A esquerda é terrorista.” Stewart Rhodes, fundador da milícia Oath Keeper, anunciou que o grupo seria reativado para fornecer proteção a figuras como Kirk. Condenado por conspiração sediciosa na invasão ao Capitólio, em janeiro de 2021, Rhodes teve a sentença comutada por Trump e sinalizou, como demais figuras da base do presidente, que está a postos para a retaliação.